MORAIS, Menezes y. A balada do ser e do tempo. Teresina: edição do autor, 1987.
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SEÇÃO DE MEDOS
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teu rosto teus olhos de vidro me acabam feito um anjo rebelde
que tentamar o instante o eterno no momento zás em que tuas
mãos enormes roubam meu medo para um tempo
de azul
y morte
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II
antes que a boca grite,
pensou o ditador consigo…
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III. central nuclear
entre o passado e o futuro
está tudo escuro:
ligaram os reatores.
– socorro!
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…
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da vida
da morte
……….da morte
……….da vida
um in
…..separável
……….todo
homem
…..vida
……….morte
aqui
as melhores
ofertas do dia
aproveitem a nossa
liquidação de preços baixos
a morte quer nos levar além feitos cachorrinhos
a morte é carta marcada
no jogo da vida
a morte
não tem pressa
a morte espera que todos vivam
II
nesse passar de segundos
homemorte
……….sempre juntos
dão-se as mãos
III
com suas manhãs tardes e anoitecer
a vida é teorema:
……………nesse passar de minutos
……………nos descortina a morte
criminosa sem perdão
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A título de curiosidade
a balada do ser e do tempo foi produzida entre os anos de 1966 e 86, sem a preocupação com a organicidade do tema. o poeta escreve sempre o mesmo poema. o grosso dos trabalhos pintou nos últimos 12 anos, e a escolha do título me foi muito difícil. queira chamá-lo temposer, mas me “grilava” o fato de martim heiddeger – 1889-1976 – ter escrito ser e tempo. jean-paul sartre – 1905-1980 – escreveu o ser e o nada. aí, o “grilo” já não me incomodava tanto. honoré de balsac – 1799-1850 – escreveu os pequenos burgueses, e máximo gorki – 1869-1936 – pequenos burgueses. então matutei: se eles podem escolher títulos que se assemelham e até se copiam – no caso de balsac e gorki – por que não essa humilde balada, que não tem nada a ver com o peixe? mas a exclusão de temposer só foi decidida em 1984, quando o país inteiro viu a firmeza daquela imensa massa humana nas ruas clamando por diretas já! o sentido do tempo, o sentido no tempo, temposentido. temposer: o individual forma o coletivo. o ser flue no tempo e para o tempo e o tempo é a substância do ser, na razão direta do infinito. e nas águas dialéticas do rio, pescar o tempo, gestar a existência. dito isto, chega de prosa: vire a página e até sempre.
m.m
brasília agosto 86
teresina março 87
p
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