Poesia de quinta, Climério Ferreira

FERREIRA, Climério. Poesia de quinta. Teresina: Nova Aliança, 2017.

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O DESLIVRO

restam restos de palavras
letras soltas na palidez das páginas
sumários, índices, prefácios aflitos
e uma enorme falta de sentido

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QUESTÃO DE PREFERÊNCIA

não faça discurso
não faça sermão
prefira um novo percurso
e uma velha canção

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Climério Ferreira é poeta e letrista. Nasceu em Angical do Piauí. É professor aposentado da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, onde reside.

A música imóvel do tempo

FERREIRA, Climério. A música imóvel do tempo. Teresina: Fundação Quixote, 2021.

QUANDO EU ME ENCONTRAR

Quando tomo café
Às vezes lembro-me de alguma música
E fico me amaldiçoando por não saber cantar

Quando estou na praia
Sinto saudade de um rio manso
Correndo macio sob o arco da ponte

Quando a chuva cai forte
Sinto falta de um dia de sol
Iluminando o vermelho dos telhados

Qualquer dia hei de me encontrar
Exatamente onde estou
No momento em que vivo

E ao me encontrar me perguntarei
Pelas coisas que não estão comigo
Nesse exato agora

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A MÚSICA IMÓVEL DO TEMPO

O tempo está absolutamente parado
E eu não penso em nada
Deixo que a vida teça a sua música
Na pausa oculta deste instante

Isso é tudo o que me basta
A melodia do pensamento afinado
Ao suave ritmo das horas
Na pauta do tempo absolutamente imóvel

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Editor: Kássio Gomes
Capa e projeto gráfico: Antônio Amaral
Editoração eletrônica: Alcides Amorim