FERNANDES, Nayara. Asas de pedra. São Paulo: Edith, 2017.
– Poemas
[(10)]
o que sente
sente que sabe
quando perde
a gente se perde
quando se encontra
se encontra somente
quando se perde
somos caminhos contínuos
sempre com as mesmas
passadas
[contrárias].
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ninguém me habita [a não ser os milagres]
matérias das imagnes marginadas de mim
mistério da memória inimaginável de vida
capaz de me nascer amor [amo das glórias]
ternurosas revoltas que abençoam o infecundo
sê cura dos sertões da alma que ama meus nadas
as sobras e as falhas as sombras e os buracos
sólidos líquidos males de um ser intratável
de um corpo hibride de um eu fantasma
com um coração às margens [ao deus dará]
deram-me a sorte de me perder entre os imperdíveis
deram-me a sorte de me distrair entre as traições
desses vívidos deste eixo deste pesadelo
às margens de mim fui feliz por acaso.