Aos ossos do ofício o ócio, de Francisco Gomes

GOMES, Cleyson. Aos ossos do ofício o ócio. Guaratinguetá, SP: Penalux, 2014.
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O CASARÃO
.
A sala vazia…
Só as imagens diáfanas
repousando na poeira dos quadros
A entreluz estacionada
(no vão)
O chão repleto de jornais
(o prenúncio de escombros)
Vez por outra
o movimento de lembranças
: pessoas cruzando o cômodo
O silêncio instigante no espaço
anuncia a demolição
num futuro
                     [mais-que-perfeito.
.
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CEDO NO QUINTAL, MEU PAI
ALIMENTANDO AS GALINHAS
.
O hábito que se cria
ao habituar a cria
          (…)
O circular quotidiano
do engano instintivo
          (…)
Os grãos em fechada mão
expandidos ao ar ao chão
: instantaneamente
o um-por-um enche os papos
e os galináceos
retornam ao rumo
da sobre-vivência
             [do paraíso
                                 ao con-
                                              sumo.

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Cleyson Gomes (Francisco Gomes) nasceu em Campo Maior, PI, 1982. Poeta, músico, letrista, compositor. Autodidata e autodidático. Iniciou as faculdades de História e Letras/Português, abandonando ambas. Autor do livro Poemas cuaze sobre poezias (2011, primeiro lugar no Concurso Literário Novos Autores, Teresina, edição de 2008). Edita o blog www.saladapoeticalia.blogspot.com.br. (Sobre)vive em Teresina, PI, desde os 7 anos de idade. Admira a carência orgulhosa dos gatos e a tranquilidade dos jabutis.  

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