Asas de pedra

FERNANDES, Nayara. Asas de pedra. São Paulo: Edith, 2017.
– Poemas

[(10)]

a gente
não sabe
o que sente
sente que sabe
quando perde
a gente se perde

quando se encontra
se encontra somente
quando se perde

somos caminhos contínuos
sempre com as mesmas
passadas

[contrárias].

_____________

 
[(15)]
meus pulsos nascem dos impulsos doutros peitos

ninguém me habita [a não ser os milagres]

matérias das imagnes marginadas de mim
mistério da memória inimaginável de vida

capaz de me nascer amor [amo das glórias]
ternurosas revoltas que abençoam o infecundo
sê cura dos sertões da alma que ama meus nadas

as sobras e as falhas as sombras e os buracos
sólidos líquidos males de um ser intratável

de um corpo hibride de um eu fantasma
com um coração às margens [ao deus dará]

deram-me a sorte de me perder entre os imperdíveis
deram-me a sorte de me distrair entre as traições
desses vívidos deste eixo deste pesadelo

às margens de mim fui feliz por acaso.

P

____________
Nayara Fernandes nasceu em Teresina, PI em setembro de 1988. É autora de Asas de pedra, lançado pelo Selo Edith. Tem poemas publicados em diversas revistas eletrônicas. Participou da coletânea Quebras – uma viagem literária pelo Brasil (Selo Edith 2015).

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *