23º SALIPI

O Salão do Livro do Piauí – SaLiPi, realizado anualmente desde 2003, é o principal evento da Fundação Quixote e integra o circuito cultural das principais Feiras e Bienais de Livros do Brasil.

Com duração de 10 (dez) dias o SaLiPi movimenta a cena literária e cultural do Piauí, aquece o mercado livreiro e atrai um público superior a 200 mil pessoas interessadas em tudo o que ele oferece.

Mais que uma feira de livros e um ponto de encontro entre escritores e leitores, o SaLiPi se desdobra em inúmeras atividades que o tornam maior e mais pujante a cada nova edição. 

O Salão do Livro do Piauí – SaLiPi é formado por uma série de eventos e atividades que convidam o visitante para uma rica imersão em um universo de infinitas possibilidades. São atividades e espaços que integram o SaLiPi: Feira de Livros; Bate-Papo Literário; Seminário Língua Viva; Estação Letras e Expressões; Espaço Criança Liz Medeiros; Palco de Música Marcus Peixoto; Palco de Dança Hely Batista; Praça e Café Escritor Assis Brasil; Galeria Afrânio Castelo Branco; Concurso Jovens Escritores; Curso de Escrita Literária; Espaço Conexão SaLiPi; Canal SaLiPi; Arena Salipinho; Arena Cordel; Imersão Enem; Praça de Alimentação e áreas para oficinas e performances.

23º SALIPI – Salão do Livro do Piauí

De 6 a 15 de junho de 2025, Espaço Rosa dos Ventos, UFPI, Teresina, Piauí

Autora homenageada: Sueli Rodrigues

A professora Maria Sueli Rodrigues de Sousa, advogada e docente da Universidade Federal do Piauí, foi escolhida como patrona da 23ª edição do SALIPI, que acontecerá em junho de 2025. Militante histórica dos movimentos sociais, feminista negra e defensora dos direitos humanos, Sueli integrou programas de pós-graduação em Sociologia e Gestão Pública, além de grupos de pesquisa em africanidades e cidadania. Faleceu em 26 de julho de 2022, deixando legado acadêmico e ativista que agora inspirará as atividades do evento.

Cineas Santos, Salgado Maranhão, Edilva Barbosa, Luiz Romero Lima, Jasmine Malta, Nadir Nogueira, Kássio Gomes, Lanna Almeida, Samya Almeida, Biá Boakari, Adriano Lobão Aragão e Marco Antônio. Foto: Jonathan Dourado.

 

A paixão é uma emergência, Clara Mello

CANTO DA SEREIA

Entre coxas conchas
Ouço o barulho do mar
Amor afoga e transborda
Naufraga meu barco
E me entrega a boia.
Me conta lendas,
Me tira a memória
O amor é aquático
E tem que molhar.
Diz o ditado das ondas
Água mole em carne dura
Bate até a sereia cantar.

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SIMPATIA DE DESAMOR

Hoje quase fiz uma macumba pra me desapaixonar por você
Uma oração pra São Cipriano de desamarração
A benção da Pomba Gira para despacho do tesão
Ainda faço a tal simpatia de desamor
As cartas confirmaram e a cigana reforçou
Que é poderosa e me traz o bem amado
Em até três dias, totalmente superado
Deixa o tambor tocar, o samba voltar
Parar de chover
Deixa o sol raiar, eu achar um par
Dançar pra valer
Eu já tô quase livre, você vai ver

Tem quase quinze minutos que eu não penso em você.

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Clara Mello nasceu no Piauí, mas mora no Rio de Janeiro com seus gatos Dante e Pinga. É formada em Letras pela UFRJ. Escritora, roteirista, dramaturga e astróloga. A paixão é uma emergência é seu quinto livro, o segundo de poesia.

Poemas reunidos

Climério Ferreira / foto: Adriano Lobão Aragão

Lançamento do livro Poemas reunidos, de Climério Ferreira, editado pela Fundação Quixote, ocorrido no dia 29 de janeiro de 2025, na Livraria Anchieta, Teresina.

Climério e conterrâneos de Angical, Piauí / foto: Adriano Lobão Aragão

Kássio Gomes, Climério, Luiz Romero e Adriano Lobão Aragão

Sessão de fotos e autógrafos / foto: Adriano Lobão Aragão

Climério, Luiz Romero, André Gonçalves e Samária Andrade / foto: Adriano Lobão Aragão

Adriano Lobão Aragão, Climério, Geraldo Brito e Vagner Ribeiro / foto: Kássio Gomes

Exames Aleatórios de Imagem e O Dia Escuro

Laís Romero

Bate-papo sobre os livros Exames Aletórios de Imagem (poemas) e O Dia Escuro (contos), com Laís Romero, ocorrido no dia 30 de janeiro de 2025, na Livraria Entrelivros, Teresina. Fotos: Adriano Lobão Aragão.

Eulália Teixeira e Laís Romero

Eulália Teixeira e Laís Romero

Júlio, Laís Romero, Lara Matos, Consa, Dani Marques, Fernanda Paz, Sergia Alves e Eulália Teixeira

Laís e Júlio

Eulália Teixeira e Laís Romero

A vis poética na literatura piauiense, João C. da Rocha Cabral

CABRAL, João C. da Rocha Cabral. A vis poetica na literatura piauiense. Rio de Janeiro: s/e, 1938.
Desenvolvimento da conferência realizada a 29 de abril de 1938, no Salão do Club Militar, sob os auspícios da Federação das Academias de Letras, por João C. da Rocha Cabral, da Academia Piauiense de Letras.

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Sumário

Exordio: Entre a vida e a morte. O silogismo do poeta: Viver é lutar. Ora, a poesia é a vida. Logo, refletir deve todos os aspectos da vida e as condições mesmas em que vive o poeta. O objeto da conferência.

1. No Piauí, a literatura vive. E, sendo humana vida, impulsionada é pela “vis poetica”, como todas as outras literaturas; mas ali, em gráu superlativo, de notavel prevalencia. A “Revista da Academia Piauiense de Letras” e a “Historia da Literatura Piauiense”. Panorama literário de uma das mais novas provincias brasileiras. O vale do Parnaíba – paraíso terreal – berço de poetas. Os fatores do seu poetismo: a terra, o clima, o homem e suas ocupações, a memoria dos ancestrais bandeirantes, os manes dos primeiros poetas locais e a propria poesia original, espontanea, dos cantadores do sertão. Poetas que partem e os que ficam. A nota da liberdade e da independencia.

2. O rio como fator físico de grande influencia na poesia, em geral. Os precursores piauienses: Leonardo e o poema da “Creação Universal”. Coriolano e as “Impressões e Gemidos”. Os seguidores: Teodoro e a “Harpa do Caçador”. Herminio e a “Lira Sertaneja”. Clodoaldo e Alcides Freitas, Da Costa e Silva e outros modernos cantores dos rios piauienses.

3. Da Costa, o primus inter pares. Jonas da Silva, o secundus só por cantar menos o Piauí. O seu estro universal. Outros, em comprovação da mesma tese: João e Celso Pinheiro. Receita para a cura dos “doloristas”. Os cantores de Teresina, Lucidio Freitas e Ney da Silva.

4. Influencia da importação baudelairiana. Causas intimas da inspiração doentia. Alcides – o mártir sublime.

5. Naturismo sadio e poesia confortadora, jamais desanimadora. Trovas de um poeta desconhecido. Conclusão.

[nota: manteve-se a grafia original da época]

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Elio Ferreira

Elio Ferreira de Souza nasceu em Floriano, Piauí, em 14 de maio de 1955.

Doutor em Letras e Pós-Doutor em Estudos Literários. Professor no Mestrado e na Graduação em Letras da Universidade Estadual do Piauí. Corda Azul do ABADA Capoeira.

Publicou os livros de poesia: Canto sem viola, 1983; Poemas de Nordeste, 1983; Poemartelos, o ciclo do ferro, 1986; O contra-lei, 1994; O contralei & outros poemas, 1997; América-negra, 2004; América negra & outros poemas afro-brasileiros, 2014.

Publicou poemas em várias antologias poéticas como Cadernos Negros 27, 29, 31, 33 e 43 (2004, 2006, 2008, 2010 e 2020); Estas flores de lascivo arabesco (2008); Baião de todos (2016) e Antologia Poética Brasil-Moçambique (2023).

Entre seus livros autorais de ensaio, destacam-se Poesia negra: Solano Trindade e Langston Hughes (2017) e Identidade e Solidariedade na Literatura do negro brasileiro: de Padre Antônio Vieira a Luiz Gama (2005). Organizou mais de uma dezena de livros de ensaios sobre literatura e cultura afrodescendente. Editou a revista Roda de Poesia & Tambores, números 1 e 2, 2010/2011.

Autor e curador do projeto Roda de Poesia & Tambores, Teresina, 2000 a 2011. Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro – NEPA/UESPI. Coordenador do ÁFRICA BRASIL – Encontro Internacional de Literaturas, História e Culturas Afro-Brasileiras e Africanas (edições V, IV, III, II e I). Editor e organizador da Coleção ÁFRICA BRASIL, NEPA/UESPI.

Sua última obra publicada foi direcionada ao público infantil e juvenil: A rolinha e a raposa (2022).

No dia 11 de abril de 2024, Elio partiu para o mundo dos ancestrais.

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Entre cascavéis e beija-flores, Salgado Maranhão

MARANHÃO, Salgado. Entre cascavéis e beija-flores. Uma antologia mínima. Teresina: Fundapi, 2021.

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ABOIO
Para Alcione e para João do Valle (in memoriam)

Quem olha na minha cara
já sabe de onde eu vim
pela moldura do rosto
e a pele de amendoim
só não conhece os verões
que eu trago dentro de mim.

A vida desde pequeno
sempre cavei no meu chão
da raiz da planta ao fruto
fazendo calos na mão
eu aprendi matemática
descaroçando algodão.

Carcarás, aboios, lendas,
são minha história e destino
tudo que a vida me deu
é tudo que agora ensino,
na quebrada do tambor
eu sou velho e sou menino.

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SENTENÇA

faz muito tempo que eu venho
nos currais deste comício,
dando mingau de farinha
pra mesma dor que me alinha
ao lamaçal do hospício.
e quem me cansa as canelas
é que me rouba a cadeira,
eu sou quem surfa no trilho
e ainda paga passagem,
eu sou um número ímpar
só pra sobrar na contagem.

por outro lado, em meu corpo,
há uma parte que insiste,
feito um caju que apodrece
mas a castanha resiste,
eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita.

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Capa: Antônio Amaral
Projeto gráfico: Alcides Amorim
Antologia editada em Teresina, sem circulação comercial, voltada para distribuição em escolas e bibliotecas.

Salgado Maranhão (José salgado Santos) nasceu no povoado Canabrava das Moças, município de Caxias, no estado do Maranhão; filho da camponesa Raimunda Salgado dos Santos e do comerciante Moacyr dos Santos Costa. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1973 (tendo antes vivido em Teresina e nesta cidade iniciado sua vida literária), onde estudou Comunicação Social, na Pontifícia Universidade Católica (PUC), e Letras na Santa Úrsula (sem concluir). É poeta, jornalista, compositor (letrista) e consultor cultural. Seus primeiros poemas foram editados na antologia Ebulição da escrivatura (Civilização Brasileira, 1978). Posteriormente, publicou os seguintes livros: Aboio – ou saga do nordestino em busca da terra prometida (Corisco, 1984); Punhos da serpente (Achiamé, 1989); Palávora (7Letras, 1995); O beijo da fera (7Letras, 1996); Mural de ventos (José Olympio, 1998); Sol sanguíneo (Imago, 2002); Solo de gaveta (Sescrito, Som, 2005); A pelagem da tigra (Booklink, 2009); A cor da palavra (Imago/Fundação Biblioteca Nacional, 2010) e O mapa da tribo (7Letras, 2013). Como compositor, tem gravações e parcerias com grandes nomes da MPB, como Alcione, Elba Ramalho, Dominguinhos, Paulinho da Viola, Ivan Lins, Zizi Possi, Ney Matogrosso, Herman Torres, Elton Medeiros, Rita Ribeiro, Zé Renato, Selma Reis, Rosa Maria, Xangai, Vital Farias, Zé Américo Bastos, Moacyr Luz, Amélia Rabelo, Carlos Pitta, Gereba, Mirabô Dantas, Wagner Guimarães, Naeno e Zeca Baleiro.